sexta-feira, 6 de março de 2009

Watchmen

Realizado por: Zack Snyder
Com: Billy Crudup, Malin Akerman, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan e Patrick Wilson
imdb

É do alto das 3:42 da manhã que vos escrevo.
Fui ver este filme de 3 horas e a minha única reacção é de puro contentamento.

Primeiro deixem-me começar por dizer que é difícil falar de Watchmen sem dar o menor dos spoilers. Mesmo assim, vou tentar.

O filme trata de um grupo de super-heróis e da sua existência, caso vivessem no nosso mundo. Eles são injustos, corruptos, verdadeiros, fortes, fracos, legais, secretos e acima de tudo, são humanos com problemas humanos.

Um dia, Nixon passa a Lei de Keene que bane qualquer tipo de Vigilantes mascarados. O "heróis" passam então a viver na sombra, carcaças do que um dia foram.

Uma noite, um deles, O Comediante, é assassinado, desencadeando-se uma procura pela verdade no que parece ser uma conspiração para assassinar os Mascarados mas que se revela em algo muito pior do que isso...

Iniciemos com os pecados de Watchmen.

É um filme puramente visual. Mais do que isso, têm um desequilíbrio para o lado estilístico que elimina qualquer tentativa de interpretar as escolhas do realizador. Os planos são desenhados para terem o maior impacto visual possível para que isso forme no espectador um certo reconhecimento automático do que estamos a ver e imediatamente identificar e catalogar uma cena como sendo pertencente a este filme.

Houve certos erros de transladação da BD para filme, obviamente. Não quanto à história mas às físicas da plataforma. Se na BD é normal, aceitável e até aconselhável que os personagens debitem a sua história da vida, no cinema já é visto como facilitismo. Isto não se sucede sempre mas alguns personagens têm inclinação para metralhar segredos do seu passado como se fossem morangos.
Ok, também vamos ser honestos: é quase impossível empacotar todo o passado de 6+ personagens em 3 horas de filme sem recorrer a facilitismos ou truques. No harm done...

Agora, e porque não quero aguentar mais, os pontos geniais do filme.

A abrir já a lista: os créditos iniciais. Sem dúvida, os melhores créditos que já vi em qualquer tipo de filme. O que Zack Snyder fez tão engenhosamente foi contornar o tempo que perderia a explicar as regras da realidade existente ao apresentá-la através de um slideshow de eventos isolados que pelo raciocinio lógico nos contam uma história em sintonia com....

....e agora vem outro ponto forte...

...a banda sonora. Meu deus que banda sonora! É mesmo difícil colocar músicas conhecidas em filmes se essas músicas representarem uma época como a do Vietname ou os Anos Vinte, quer pela letra ou pelo género. Tudo porque o espectador pode sentir-se desfasado graças ao reflexo que já tem de associar essas músicas às suas décadas, ou até porque são mais difíceis de modelar à vontade, visto o espectador conhecê-las de trás para a frente.

Mesmo assim, Watchmen conta com: Bob Dylan a abrir os créditos com "Times They Are A-Changin' " (e esta, Trace?), mais tarde "The Sound of Silence" de Simon & Garfunkel, "Unforgettable" de Nat King Cole, "Pirate Jenny" de Nina Simone, "Me and Bobby McGee" de Janis Joplin e "I'm Your Boogie Man" de KC and the Sunshine Band. Last but certainly not least, "Hallelujah" de Leonard Cohen e "All Along the Watchtower" de Jimi Hendrix(tão significativamente encaixada na metáfora do filme)...

Não só colocaram músicas conhecida como atiraram as mais famosas de todas à cara do espectador. A princípio pensei "vai destoar...". Muito pelo contrário, ao invés de destoarem da realidade visual do filme, trouxeram uma sensação de verosimilhança e identificação pessoal aos aspectos explorados. Como se os Watchmen existissem mesmo na altura em que Dylan gravou "Times They Are A-Changin'"...

A história, como ela já referiu, é astronomicamente brutal. Sem moralismos nem Justiças pedantes, Watchmen fala de guerra, paz e, mais do que isso, explora a fundo a natureza humana e as razões, meios e soluções para o seu comportamento errático e irracional.

E já me estiquei...peço desculpa. E também já são 4:56.

Deixo-vos com isto: O filme é extraordinariamente interessante e reflecte bem a condição humana e de como cada um de nós tem predisposição a ser tanto um herói como um vilão e que esse contraste não é tão preto no branco como possamos imaginar. É um trabalho que à partida só podia ser complicado mas foi muito bem conseguido, desde o Dr.Manhattan ao Rorschach. Mais, tem um fim à altura de qualquer expectativa por isso elevem-nas se quiserem.

9/10

15 comentários:

Fátima disse...

Há uma citação que All Along the Watchtower no final do primeiro capítulo de Watchmen, se não me engano. E se começa com Bob Dylan, com tão poderosa música, só pode começar bem! Hoje devo ver o filme. Sou muito picuinhas com certos pormenores (já ouvi dizer que a Sally Jupiter não vai atirar o Nostalgia... O que é uma falha muuuuiiitooo grave...), mas pronto. Vou tentar não ser muito exigente, afinal como já alguém me disse, só pode haver uma grande obra prima de Watchmen, e será sempre a graphic novel

mchiavegatto disse...

Oh! ate EU fiquei com vontade de ver. O dos creditos pareceu brutal!

PL disse...

Eu já andava a ouvir a banda sonora há uns dias, mas quando ontem a ouvi encaixada no filme,bem... espectacular.
Para a semana vou rever.

Fátima disse...

Não gostei tanto como tu... Falta o nostalgia, não gostei do final, o Ozy não chora, é um tipo diminuto que não mete respeito, não sei. falham pormenores e eu sou muito picuinhas. é suposto ser o Doc a dizer "nothing lasts forever" e não a Laurie. Mariquices, eu sei

prla1983 disse...

Se a nossa comentadora residente de Comics diz que o filme tem falhas... eu acredito! :)

Eu ainda não vi o filme, nem li os comics, nem tão pouco tenho sido fã do género desde pequeno (tirando o Tio Patinhas e o Donald hehe..). Mas acredito perfeitamente que incoerências desse género desapontem os verdadeiros fãs da coisa.

Francisco Maia disse...

naaaaah. vou ser sincero e contra a expert residente!

Não achei que fossem falhas. São mesmo mariquices. Eu não leio Watchmen desde que era novo demais para perceber o que significava mas!

Ozymandias a chorar retirava absurdamente o impacto todo da acção. Ele não se arrepende e não pode arrepender-se. Pk? Pk ele é que está certo.

Como filme está realmente bom. Como geek pleaser já não me posso pronunciar.

Agora o outro lado da questão: lembro-me bem o que gritei com o ecrã quando X.Men estreou. Imbecis estragaram-me os heróis....

prla1983 disse...

Geek pleasing... nicely put. Uma das artes (?!) mais complicadas de sempre.

Fátima disse...

O Ozy não chora na BD por arrependimento, é mesmo por emoção, por felicidade. Na BD é ele que "salva" o mundo, de maneira controversa mas interessante. Não gostei que tivessem passado a bola para o Doc, na graphic novel o Ozy é um sujeito orgulhoso que faz tudo sozinho e que queria ter a certeza que foi pela sua cabeça e capacidades que o mundo era salvo. Mas pronto, sim, geekices =)

Francisco Maia disse...

hey! mas foi exactamente isso que aconteceu no filme! só não chorou!

e só para te picar: o visual do filme tá MIL vezes melhor! hahahhaha

Francisco Maia disse...

ja agora! Ozy no filme rula!

Fátima disse...

Desculpa, sei que isto não costuma acontecer mas... não concordo minimamente :P na BD tá mil vezes melhor e o Ozy está só um tipo pretensioso no filme, tinha de ter mais emoção

Fátima disse...

ah! mas na BD ele tem a ideia toda sozinho e nao usa nada do Doc, ele nao o ajuda em coisa nenhuma... o Ozy é um tipo solitário

Fátima disse...

acabei de receber uma mensagem de uma amiga igualmente apreciadora do watchmen como eu que me disse "o filme nao me fascinou mininamente" :P

só pra picar hahahaha

Francisco Maia disse...

bah para vocês fanáticas!

Fátima disse...

da pior espécie :P