segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Surrogates

imdb

Ano de produção: 2009

Realizador: Jonathan Mostow

Elenco: Bruce Willis, Radha Mitchell, Rosamund Pike, James Cromwell

surrogates-poster

Baseado na BD homónima, a qual devo confessar que não li e não conhecia, Surrogates é um filme de ficção científica sobre um futuro bastante provável – aquele em que deixamos de sair à rua para deixar que perfeitos e indestrutíveis robots façam o nosso trabalho “sujo”: viver. A ideia é simples. Cada um de nós teria um surrogate (substituto), que assumiria a nossa vida, controlado pelas nossas ondas cerebrais – nós seriamos o seu cérebro, sem sair de casa. Este surrogate faz tudo por nós: está suceptível a doenças, acidentes, emoções fortes, é o saco de pancada do patrão, etc. E nós passamos a vida de pijama e robe, comendo e engordando sem por um segundo pensar em ir ao ginásio, porque afinal o mundo conhece-nos pelo nosso robot: aquele perfeito ser de plástico que não precisa de lipoaspirações nem de correr na passadeira durante dez minutos por dia. E melhor. Acabaram-se as operações de transgender. Ninguém é obrigado a ser, no mundo, o que é no conforto do seu lar. Acabaram-se as tomas de hormonas e os cirurgiões plásticos (duas indústrias que concerteza seriam extintas: a farmácia e a cirurgia plástica).

Bruce Willis protagoniza este filme que levanta uma série de questões éticas e morais. É verdade que o tema não é completamente novo – vivemos com filmes sobre cyborgs desde que nascemos, especialmente a geração de 80, mas digamos que este argumento é um concentrado de todas as problemáticas. Não sendo uma narrativa-exemplar, por lhe faltar emoção e acção à trama, é interessante do ponto de vista académico. Ter um surrogate é bastante cómodo, a todos os níveis – até porque, sendo indestrutível, nós podemos saltar de prédios e levar com um carro em cima sem ir parar ao hospital, o que concerteza dará uma sensação de poder incrível. Por outro lado, e porque não há bela nem senão, é óbvio que esta comodidade se tornaria um vício. O ideal seria usar o substituto para as partes mais ingratas da vida, mas continuar a frui-la da melhor maneira. Afinal, que melhor que ter um clone pelas ruas enquanto nós, no conforto do nosso lar, podemos ser saudáveis e felizes sem preocupações? O problema é que ninguém pensou nisso. O problema é que toda a gente se habituou a que a máquina fizesse tudo, incluindo viver as suas relações amorosas. Bruce Willis personaliza este problema. Ele e a mulher perderam o filho num acidente, numa era pré-surrogates. Desde então, perderam toda a vontade de enfrentar o mundo, e adoraram os surrogates porque, afinal, se tivessem tido um antes do acidente, o seu filho ainda estaria vivo. Mas o que aconteceu à crónica insatisfação do homem? O que aconteceu ao que nos torna humanos – seres sedentos de emoções novas, novos desafios, o que nos testa e torna melhores? Os surrogates só deixam lugar à apatia, alienação, ao descuido do corpo e ao menosprezo do eu. Se existe outro melhor que eu, que se faz passar por mim, porque irei lutar?

Eis então que o próprio fundador dos surrogates percebe o erro que cometeu, e tenta reverter a situação. Canter (James Cromwell), queria dar voz aos incapacitados, eliminar as diferenças e discriminações sociais, não tornar o mundo numa massa amorfe e esquecida de viver. Mas será que é possível voltar ao passado depois de viver um futuro tão cómodo?

Veredicto: 5/10 (Não dou mais porque a acção deixa a desejar)

3 comentários:

Enolough disse...

No fundo os perfis de Facebook já fazem um pouco de surrogates, mostrando aos amigos aquilo que não temos tempo ou vontade de lhes mostrar em pessoa.

Francisco Maia disse...

Ganhastes Fati. Voltemos à carga. Prla! Tal como a Fénix, também este blog deverá ressuscitar com nova aparência! Mãos à obra!

(por falar nisso, metaleiros, que tal correu a fatídica noite de 31?)

Enolough disse...

(bem boa! review segue dentro de momentos)