sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mastodon - Crack The Skye (2009)

Mastodon
Crack The Skye
[reprise 2009]

Ora aqui está um bom exemplo de uma banda que, ao contrário de 98% das bandas Portuguesas, não anda a fazer sempre o mesmo álbum.

Os Mastodon parecem estar-se nas tintas para o que pensam deles. Primeiro é a sujidade e a destruição, depois é o tributo a Melville e à sua Moby Dick, até que por alturas de Blood Mountain começou a perceber-se que estes meninos não tinham problemas em complicar à sua maneira. Mergulham no que convencionamos aqui chamar de progressivo, já não só a nível lírico, como também a nível musical. A questão é que é preciso ter unhas para isto tudo. E eles têm!

Os indícios estavam lá e Crack The Skye é para mim a total afirmação e confirmação dos Mastodon como uma das bandas mais originais dos últimos anos, com um percurso, se formos a ver, assustadoramente semelhante aos Metallica (com quem curiosamente partilharão este ano o palco em algumas ocasiões, incluíndo no Optimus Alive):

Remission ~ Kill 'em All
Leviathan ~ Ride The Lightning
Blood Mountain ~ Master of Puppets
Crack The Skye ~ ...And Justice For All

Quem conhece bem as discografias de ambas as bandas, vê que esta perspectiva não é assim tão descabida - façamos figas para que não haja uma fase Load/Reload.

Crack The Skye
é um álbum que merece várias audições com uns bons headphones para apreciar a magnitude da tarefa a que se propôs a banda. Há muita coisa a acontecer aqui, desde canções mais imediatas e surpreendentemente mais longe do metal que o habitual, com uma sensibilidade quase pop, até dois épicos cada um com mais de dez minutos onde tudo acontece com uma classe e cadência impressionantes. Mas não se pense que o peso desapareceu. Está apenas, como no caso dos Isis, cada vez mais requintado.

Talvez o que capte logo mais a atenção é a exploração vocal que os Mastodon decidiram fazer. Agora até o baterista Brann Dailor empresta a sua voz, curiosamente logo a primeira que se ouve durante vários versos no tema de abertura, "Oblivion". E ao longo dos 50 e tal minutos de duração, dei por mim muitas vezes a notar o quão original esta e aquela e a outra parte realmente eram, seja um lick de guitarra que vai e vem, seja uns metais lá ao fundo, seja o jogo entre ambiente e ritmo bombástico.

Ao princípio estranha-se, depois entranha-se. E de que maneira. É um álbum que cresce repetidamente a cada audição e não tenham a mínima dúvida: estará no topo de muitas e muitas listas no final do ano. Cheira-me é que o próximo, seja lá quando for, vai trazer o peso todo de volta. With a vendetta.

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