terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Três Foi a Conta Que dEUS Fez

Por isso, só assim naquela, porque realmente me apetece, aqui fica o registo de três albums que marcaram a minha juventude e que por continuarem a marcar só podem mesmo ser muito importantes para mim.

Manic Street Preachers - The Holy Bible

Numa altura em que eu estava muito pouco sintonizado com questões políticas e com o que se passava no mundo exterior, os Manics - como eu gosto de lhes chamar - lançavam a bíblia deles na forma do "The Holy Bible", um álbum escuro em tudo desde as letras à sonoridade, muito por culpa do facto de ter sido um álbum inspirado por uma visita da banda a Auschwitz não sendo de estranhar o temas relacionados com o Holocausto, niilismo, misantropia. O intervencionismo que se lhes reconhece talvez nunca mais tenha sido tão cru como aqui mas eu queria lá saber. Não era isso que me atraía, mas sim as canções em si, as melodias, o rock fácil de ouvir e de se gostar que esta malta debitava. E claro que ter uma canção chamada "Ifwhiteamericatoldthetruthforonedayitsworldwouldfallapart" também não é para todos.

Este foi também o último album dos Manics antes do desaparecimento (literal) de Richey James Edwards, guitarrista da banda, que se seguiu a complicados períodos de depressão. Ainda hoje os restantes elementos da banda continuam a acreditar piamente que Richey pura e simplesmente decidiu retirar-se de cena e está a viver outro vida noutro lugar, rejeitando a hipótese da sua morte. E convenhamos, quão difícil é, hoje em dia, desaparecer?

Nada Surf - High/Low

Provavelmente são mais as pessoas da minha idade que ouviram o single "Popular" na MTV do que as que não ouviram e se realmente essa canção não é nada de especial e foi tocada até à exaustão, a verdade para mim é que o álbum onde se inclui essa faixa é uma pérola da minha juventude. "High/Low" não é o punk la la la de uns Green Day ou de uns The Offspring nem tão pouco abrasivo como uns Black Flag ou Sex Pistols. Nada Surf puxa ao indie, ao lo-fi e sobretudo para mim puxava ao sentimento. Talvez tenha sido as alturas da minha vida em que discos dos Nada Surf estiveram sempre presentes, mas esta banda tem sempre um lugar especial na minha colecção.

Entretanto a banda foi-se tornando cada vez menos irreverente, optando pela contenção e pelo pop stripped down tipo Death Cab For Cutie, mas continuam a ser os meus Nada Surf. E uma das grandes lacunas foi nunca os ter apanhado ao vivo, mesmo já tendo passado várias vezes por Madrid.

Green Day - Insomniac

"Dookie" foi um dos álbums que me fez ouvir música - e quem não curtia a "Basket Case" ou a "When I Come Around" que se chegue à frente. Lá que tenham sido tudo canções também elas exaustivamente batidas é um facto, mas isso não lhes retira a magia que tinham e continuam a ter. No entanto, talvez também por isso eu seja particularmente parcial para o álbum que se seguiu, "Insomniac", que tinha a difícil tarefa de suceder a um dos albums mais bem sucedidos da história da música. Pérolas como "86", "Brain Stew", "Stuck With Me" ou "Westbound Sign" não as esqueço tão depressa.

Por vezes deixo-me enamorar pelo glamour de ter agora 40 anos e poder dizer que cresci com Dylan, Lou Reed, Led Zeppelin, Deep Purple e os Beatles. Não é o caso, cresci com Nirvana, Offspring e Green Day. Mas depois rapidamente me apercebo que a música é intemporal e tenho muito tempo pela frente para descobrir. Pura e simplesmente descobrir.

1 comentário:

Fátima disse...

Engraçado, porque se eu fizesse uma lista de discos que me marcaram, escolheria precisamente Bob Dylan, Pink Floyd e coevos... A minha mãe costuma dizer que sou a única pessoa que conhece que ainda ouve Bob Dylan. Mas ela não conhece os meus bloguemates =)