sexta-feira, 25 de setembro de 2009

The Not-So-Great Rock & Roll Swindle


"Não era preciso ser um tipo duro, um pseudo-Henry Rollins [vocalista da instituição hardcore Black Flag] no ‘mosh pit' para perceber os Green Day. Com efeito, era possível gostar dos Smiths e perceber os Green Day. As raparigas gostavam dos Green Day. Especialmente raparigas". Esta passagem de "My So Called Punk", livro de Matt Diehl sobre a ascensão comercial do punk rock, diz muito sobre a força que "Dookie" teve no rock alternativo há 15 anos. Sim, é já essa a idade de "Dookie", dos Green Day, e de "Smash", dos Offspring, dupla que pôs o punk debaixo dos holofotes e serviu de versão menos auto-destrutiva da "teenage angst" que o grunge já anunciara.

Mas que punk é este, o que os Green Day trazem a Portugal, cinco álbuns depois de "Dookie", com colaborações com os U2 (monstros do rock, ideia que os punks, supostamente, desprezam), muitos milhões de discos vendidos e telediscos com raiva, política ou juvenil, milimetricamente calculada pelo meio?

Não há respostas fáceis, mas convém ter em conta que os Sex Pistols eram também uma deliciosa farsa (lembram-se de "The Great Rock'n'Roll Swindle"?). Uma parte da diferença entre as duas bandas está no contexto: já ninguém se choca com isto. E que culpa têm os Green Day, que viram o sucesso cair-lhes em cima quando nunca tinham gritado contra o capitalismo e só se preocupavam com as melhores formas de contornar o tédio?

Sem verdades absolutas (os puristas vão continuar a odiá-los por terem traído o impoluto e anti-comercial dogma punk rock que professam), sobram, portanto, as canções. E os Green Day têm-nas, desde as básicas e aceleradas de "Dookie" e "Insomniac" às aventuras mais ambiciosas dos dois últimos discos, que devem ser privilegiadas no concerto do Pavilhão Atlântico. Em "American Idiot" (2004), o penúltimo disco dos californianos que se revelou um estrondoso sucesso de vendas e voltou a pôr o "neopunk" no mapa, inventaram uma ópera rock, à maneira dos Who, com refrões pop memoráveis, correrias eléctricas e uma pompa mais punk do que a enésima variação de três acordes à Ramones.

"American Idiot" tornou-os "rockers" respeitáveis e com algo a dizer (foi um dos discos mais simbólicos da luta anti-George W. Bush). Este ano, regressaram com "21st Century Breakdown". É mais do mesmo, mas o mesmo é bom: punk rock sem medo de lembrar os Queen e de meter guitarras acústicas melosas e pianos ao barulho. Este mês apresentaram um musical em torno de "American Idiot". Esqueçam o punk, a rebeldia e outras ideias tantas vezes mitificadas: os Green Day têm lata e têm canções. Não é disso, afinal, que trata o rock'n'roll?


Não, não é. O Ípsilon tá cada vez mais demagogo.

8 comentários:

prla1983 disse...

A tua cruzada contrao Ipsilon vai de vento em popa.. ;)

Os Green Day, pasme-se, sempre foram das minhas bandas preferidas. Mesmo que os nossos gostos se modifiquem, evoluam e entrem por caminhos bem diferentes, acho uma estupidez renegar-se aquilo que outrora nos deu gozo.

Tristemente acabei por nunca ver os Green Day ao vivo e tenho a certeza que nunca verei apenas porque os Green Day que me apaixonaram não são estes. Digo isto sem ponta de "snobbismo" ou de falsa superioridade. Os Green Day que eu gostava eram 3 gajos, 3 acordes, meia bola e força. Não há produções elaboradas, não há eyeliner, não há gravatas da moda. Havia um Billy Joe com uma guitarra toda fodida, cheia de autocolantes, velhinha de muitos e muitos concertos em salas de metro e meio.

Como o tempo não volta para trás, esses já eram. Mas na minha prateleira continuam o 1,039, o Kerplunk, o Dookie e o Insomniac.

Francisco Maia disse...

Apreciaste ali o "antes e depois"? Tenho saudades desses gajos, pá

Marina Ch disse...

Tens de por quem e que foi o jornamista que escreveu pra eu saber se posso dizer mal ou se devo dizer bem! ahahahahah =P

Francisco Maia disse...

Um tal de Pedro Rios....nunca ouvi falar dele...deve ser só do online, não?

Fátima disse...

já falei muito sobre isto, por isso apenas vou dizer...


... o billy fica melhor de cabelo preto! =P lol

Francisco Maia disse...

uuuuui e com essa frase te juntaste ao dark side! És uma vendida!!! E de eyeliner? tb fica melhor??? VENDIIIIIIIDA!

Fátima disse...

baah ... é so uma questão estética! aquele loiro com raízes à mostra...baaah

Marina Ch disse...

E o Tipo que escreve sobre Musica Classica! ahahahahahahaha How Weird is that?