sexta-feira, 3 de julho de 2009

Maria João Pires é Brasileira

A pianista Maria João Pires vai renunciar à nacionalidade portuguesa, tornando-se aos 65 anos cidadã brasileira. A notícia é avançada pela Antena 2 da RDP, que adianta que a pianista se fartou “dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português".

Venham de lá essas indignações. Viva a Pátria-Mãe. Ou então não.

Eu aplaudo a Maria João Pires. E pela minha parte, se pudesse, desaparecia para o Sri Lanka como o grande Arthur C. Clarke. Há muito que este país deixou de valer a pena. Quem alguma vez tentou mexer uma palha que fosse para fazer algo cá no burgo acontecer, e que não fosse bem visto aos olhos do estabelecido independentemente da sua valia objectiva, artística ou cultural, deve saber do que eu estou a falar.

15 comentários:

Francisco Maia disse...

pa desculpem mas isto é rídiculo. Eu não acredito em patriotismo, seja de que país for. Mas não faz sentido nenhum a razão dela ser "estar farta dos coices do governo" e trocá-lo pelo brasileiro...por amor da santa...

Acho que isto nem devia ser notícia. Não interessa minimamente, sequer.

E acho que exageras quando dizes que este país não vale a pena. É uma generalização estereotipada que pode ser feita em relação a 95% dos países. Ainda por cima referes logo o Sri Lanka, um país em guerra civil intermitente...

prla1983 disse...

Tens toda a razão em que tudo o que dizes.

Continuo a achar que este país não vale a pena. 95% dos países não valerem a pena continua a significar que este, em particular, não vale a pena. E não vale mesmo.

i disse...

Portugal é um país frustrante, isso é verdade. mas acho a atitude dela ridícula. Porque aquilo que faz crescer o nosso amor a um país ou local não tem nada a ver com politicas. posso decidir que um país é mais benéfico para eu trabalhar, mais útil, mas não mudo de nacionalidade por isso porque a nacionalidade tem a ver com uma relação afectiva... Se agora o governo mudasse e lhe dessem uns bons subsídios voltava a ser portuguesa, era?

mchiavegatto disse...

Que idiotice!!!!!
Saramago, parte II.

prla1983 disse...

Para mim está bem.

E se toda a gente fosse embora ainda era melhor. Ficavam só os governantes e assim podiam governar-se uns aos outros como melhor lhes aprouvesse.

Uma data de teorias sobre o que a MJP fez e faria se e se. Mas ninguém a conhece pessoalmente, ninguém sabe a estória toda. No entanto, é facílimo de julgar e botar sentença.

Eu digo-o e afirmo-o sem qualquer tipo de reserva: não escolhi ser Português e em nada me orgulho de o ser. São infinitamente mais as vezes em que me envergonho totalmente de o ser do que as que me orgulho.

Razão tem é o Pedro Costa no que disse ainda há umas semanas atrás ao Público. Recuso-me a meter um sorriso zen nos lábios e achar que está tudo bem.

Francisco Maia disse...

Já agora, quanto a teorias sobre MJP, eu soube hoje através de uma pessoa que estava metida com ela no projecto do Centro de Artes de Belgais que ela esbanjava o dinheiro todo dos subsídios em assuntos privados (que é como quem diz "merdas para ela") e depois quando o dinheiro acabava, pedia mais subsidios.

Como tinha uma divida e o estado não a subsidia mais, penhoraram-lhe os bens de parte do Centro. E ela fez-se brasileira.

Ela não é uma artista, e uma criança.

Quanto ao resto do tema, a única coisa que posso dizer é:

Prla, dizer mal é fácil, o que é que já fizeste para mudar isso?

prla1983 disse...

Pronto, já temos a estória oficial da MJP. Acho que devias vender o furo ao Público.

Xico, todos os dias faço algo para mudar isso, acredites ou não, dês valor ou não. Desde a atitude que temos em cada situação, em cada conversa, em cada momento. Dar mais valor a quem o merece e fazer por ser merecedor também do respeito dos outros. Tratar todos por igual. Não achar que sou mais do que os outros, que os meus gostos são melhores, que só eu é que faço coisas e os outros são todos atrasados mentais. É não ser um animal na estrada, é ter a noção do dever quando se está atrás do balcão e perceber que sem o cliente não se pôe o pão na mesa.

E para te dar um exemplo que não tem nada a ver, tenho feito os possíveis e os impossíveis para organizar alguns eventos para os quais sei que há público, sei que há receptividade. Não imaginas a inenarrável filha da putice com que me deparo a cada instante, a falta de boa vontade, o olhar de cima, toda essas merdas que a mim em particular me enojam. Não deves ter noção, e ainda bem, do que custa teres 1000 bandas que querem tocar para ti e não teres um único sítio onde as pôres a tocar, exclusivamente por causa dessas más vontades e do _preconceito_. Acho que numa cidade onde as propostas são ZERO, "estou a fazer algo para mudar isso".

Já tentei, também, por mais do que uma vez, fundar startups de tecnologia para adicionar valor real ao mercado deste país na minha área, com coisas que, bastando olhar lá para fora, sei que têm um lag de 5 ou 6 anos em Portugal. Os apoios são zero, o tão badalado choque tecnológico é uma treta e a "Empresa na Hora" é um cavalo de tróia maior que este paízinho de merda todo junto. Num país em recessão, nenhuma empresa intelectualmente honesta é demais, e ao tentar fazer mais uma, "estou a fazer algo para mudar isso".

Dizer mal é fácil, mas essa frase do "então e tu e' que já fizeste?", ainda é mais fácil e não adianta. É apenas um lavar de roupa suja que a mim me entedia e entristece.

Desculpa, Xico, mas está longe o dia em que me vão convencer que está tudo bem no país dos CR7, dos Luís Filipe Vieiras, dos golpes palacianos no governo como ainda anteontem aconteceu, das Passmusicas e das SPAs, de todo um conjunto infindável de podridão.

A verdade é que a nossa realidade é muito mais podre que a música debitada por qualquer banda de grind, daquelas em que o vocalista grunhe e isso.

Francisco Maia disse...

pa....eu só não percebo é se tu tens a noção ou não que é isso que se passa nos outros países também...

quanto ao "e tu?" é uma pergunta obrigatória e devia mesmo ser uma auto-pergunta.

para além disso, durante 5 anos de universidade conheci imensa gente que lutou pelo que queria mudar e ao não desistir consegui-o. Portugal pode ser um país difícil numa altura complicada mas chamá-lo "de merda" é choraminguice. Se todos nós pensássemos assim, nenhum país andava para a frente nunca.

i disse...

Portugal é um país de merda? lol... não sou especialmente patriota, quase nada aliás, mas parece-me uma injustiça. Porque portugal tb sou eu, ora. tb são voces. ou portugal é o governo (que muda de quatro em quatro anos)? Eu sei bem do que falas, Prla, trabalho numa área em que a exploração não tem limites. a minha frustração e sentido de injustiça e indignação já atingiram limites imensuráveis . Mas não culpo "o país". o país é a minha casa... são os meus amigos, a esplanada onde gosto de ir, são Lisboa que eu adoro de paixão, são a comida tradicional e não só. Portugal é a música e as pessoas e a paisagem, também. E claro, a saudade, a nostalgia, a tristeza. Isso tudo é Portugal. A falta de empreendorismo e capacidade de renoação também são portugal, sim. mas não diria que isso é uma merda. Tratamos mal do que temos? sim... mas também criamos coisas, também lutamos pelo ambiente, pela arte, pela ciência. Não podes dizer que Portugal é uma merda, ou estás a dizer que todos os portugueses que trabalham arduamente para mudar as coisas são todos, basicamente, uma merda.

Se formos medir questões financeiras ou politicas... bom... o Brasil não me parece o paraíso. Maria João Pires mais valia ter ido para a Suiça, não? Se é para vender a nacionalidade por apoios governamentais...

Francisco Maia disse...

Portugal deu à luz o Manuel Cruz! Rima e é porque é verdade! Tenho dito!

prla1983 disse...

Olha que nem todos acham isso do Manuel Cruz uma coisa positiva... :P

i: Em todo o lado há coisas boas e más, pessoas boas e más. Acontece que, aos meus olhos, as coisas más ultrapassam laaaaaaaaargamente as más, dentro do nosso querido país. E todos os esforços no sentido de progredir, de avançar, são vistos com preconceito e enfrentam uma corrente negativa desmedida e sem explicação.

As esplanadas e os meus amigos não são Portugal: são as esplanadas e os meus amigos e prezo-os muito, aos poucos que tenho. Portugal por seu lado não significa nada, recuso-me a regurgitar essa treta da pátria, etc. Enough brainwashing.

Fátima disse...

que parvoice. LOL eu tb me irrito com os meus pais de vez em quando,e não é por isso que lhes vou pedir o divórcio lol

prla1983 disse...

As analogias, comparações e metáforas nestes comentários não fazem qualquer sentido. Apples & oranges.

i disse...

afinal...

"A pianista Maria João Pires confirma que pondera pedir também a nacionalidade brasileira, mas recusa que essa atitude seja motivada por "sentimentos negativos em relação a Portugal", contrariando notícias que lhe atribuíam a decisão de deixar de ser cidadã portuguesa." - Lusa

Francisco Maia disse...

obvio que ela não ia admitir...isso não quer dizer nada...