terça-feira, 19 de maio de 2009

Kongh @ Fábrica de Som, Porto

[ Fotos: Jorge Silva, Amplificasom ]

Custou, mas foi. Estreei-me finalmente numa noite Amplificasom, estreia essa que se deu com o concerto dos suecos Kongh na Invicta. Sendo visto como um concerto "low-cost" pela própria organização, diria que o "low" apenas se refere mesmo ao "cost" e talvez à relativamente fraca afluência de público na Fábrica de Som nesta noite de Sábado. De resto não houve nada de "low" nem no concerto dos Kongh, nem no bom ambiente que se viveu.


O sludge destes suecos resultou particularmente bem ao vivo, tanto na familiaridade com as canções de Counting The Heartbeats como sobretudo com a pujança inacreditável das novas malhas de Shadows of the Shapeless, que aliás já se encontrava à venda na mini banca de merch em virtude de ter sido lançado oficialmente na véspera do concerto.

E em relação a esse novo registo, diria que pelo que se viu ao vivo e pelo que já tive oportunidade de ouvir em disco entretanto, os Kongh denotam uma marcada evolução. Não que o álbum anterior sofresse de qualquer problema grave - antes pelo contrário - mas Shadows of the Shapeless leva a banda para outro nível, com maior liberdade de expressão, um som mais refinado e sobretudo um melhor controlo da dinâmica alto/baixo, ruidoso/calmo que tanto caracteriza o som deles. Dentro do género, não terei grandes dúvidas que este novo álbum coloca os Kongh num lugar de destaque.


E como estes concertos costumam proporcionar uma proximidade com as bandas que não é comum noutras andanças, há que referir a simpatia da banda que demonstrou, à semelhança de tantas outras que vou referindo neste blog, uma grande humildade e um grande gosto pelo que fazem. Dizem-me que são capazes de regressar ao nosso país daqui a não muito tempo e quem não os viu, faça favor de não os perder da próxima vez. É que da Suécia só vem coisa boa.

Um muito OBRIGADO ao André e ao Jorge da Amplificasom, bem como ao Pedro da Ritual Som e ao Filipe da enoughrecords, pela simpatia com que me receberam lá em cima! Keep on rocking, you guys! Pode ser que tenha sido o dia zero de mais coisas fixes a acontecer. ;)

9 comentários:

David disse...

Fábrica do som sucks major ass. Aquilo é um desastre a espera de acontecer. No dia (noite) em que alguém deixar cair um cigarro ao chão morrem todos queimados, visto que a ridicula escada que dá acesso à fabrica comporta uma pessoa de cada vez no máximo. Já la fui 3 vezes e nunca mais lá vou. Não dou dinheiro para manter aquilo aberto. Espaço demasiado pequeno e gente a mais...

prla1983 disse...

Bom, não sejamos assim tão arautos da desgraça. Concordo que o espaço não é o mais famoso em termos de segurança e que é difícil perceber como é que um espaço assim continua aberto. Mas para mim é ainda mais difícil de perceber porque existem tão poucos apoios e tão poucas alternativas de espaços decentes.

Uma longa estória, por sinal....

::Andre:: disse...

Foi um prazer conhecer-te pá, temos que ir falando :)

David, isso não é maneira de estar, quem adora música não pensa assim. Podia-me alongar, mas estamos num blog que é lido por muita gente. Um dia destes apresenta-te e eu explico-te alguns pormenores que te passam ao lado. Mas, não vejo nada de errado na Fábrica, muito menos em questões de segurança. E digo-te mais: em caso de acidente morrias mais depressa na Casa da Música atropelado pelos snobs do que na Fábrica onde toda a gente dar-te-ia uma mão, o ambiente é sempre composto por malta porreira.
Não fazes ideia do investimento que foi feito para pôr em pé um espaço daqueles, um espaço onde montes de miúdos vão dar os primeiros acordes, onde malta vai ensaiar, gravar e tocar. Sim, talvez esteja um pouco desleixado, mas numa me senti em perigo nem vejo razões para tal. E para terminar, num concerto nosso tu não dá dinheiro à Fábrica, mas sim às bandas através de nós. O insucesso faz-nos pensar duas vezes se para a próxima arriscamos em x ou y banda ou não, o sucesso dá-nos força para continuar. Tu é que sabes se queres a ver concertos porreiros no Porto...

::Andre:: disse...

A verdade é esta: a Fábrica fecha e deixam de ter Orhtodox, Ephel Duath, Bossk, Minsk, etc etc no Porto, tão simples como isto.

E ainda não entendi no que te referes como segurança. Já foste à Casa Viva onde tudo é de madeira? E como te safavas do Porto-Rio com escadas apertadas em caracol e uma ponte que liga o barco à terra que treme por todos os lados? Parece-me que ou estás a ser picuinhas ou raramente sais de casa. Concertos underground onde pessoas como nós e as próprias bandas fazem sacríficios para que aconteçam não têm subsidios, fundos ou apoio muito menos patrocinadores. Já muito fazemos nós...

prla1983 disse...

Ah, e btw André ou qualquer outra pessoa, neste blog fala-se à vontade e de tudo. Mi casa es tu casa. ;)

J H P disse...

Boas!
Para mim o único defeito da FdS é as paredes reflectirem demasiado a luz das máquinas fotográficas dos tipos-que-têm-a-mania-que-são-artistas-e-que-acham-que-podem-usar-flashes-estroboscópicos-de-3-em-3-segundos um concerto inteiro com grande sensibilidade para com os restantes elementos do público *cough*orthodox*orthodox* Se bem que ultimamente já não tem havido casos desses.

Quanto ao espaço, só precisa mesmo de quem meta o som em condições, porque em Nadja achei uma merda mas no sábado esteve PERFEITO.

Foi um concerto do caralho, dos melhores que eu já vi da Amplificasom, e foi um prazer dar os poucos 6€ e esperar aquele tempo todo só para ver Kongh.

Brilhando.

prla1983 disse...

Pois a questão das fotografias, flashes, etc.. é uma questão complicada, não deixando de ser pertinente. Compreendo os dois lados, estando eu do lado do público. Pessoalmente, já me deixei da cena de tirar fotos em concertos, a partir do momento que cheguei à conclusão que perdia mais do concerto do que conservava com fotos de merda para a eternidade.

Claro que compreendo que há artistas a tirar fotografias em concertos, coisa que não é nada fácil. Depende um bocado é das condições que existe para o fazer. Se há um fosso e em geral condições para que os fotógrafos *acreditados* possam fazer o seu trabalho deixando o público apreciar o concerto sem interferências, sure why not. Se não há, acho que devia imperar o bom senso e isso na maioria dos casos significa poucas ou mesmo nenhumas fotografias. É lamentável, mas não se pode prejudicar quem paga para ver a banda que gosta. Isso parece-me sagrado. Sem público não há bandas e sem bandas também não se justifica o fotógrafo.

É preciso pensar um bocadinho nisso...

jorge silva disse...

eu nem me vou pronunciar acerca das condições da fábrica porque, enfim... há sempre alguém com algo para se queixar.
quanto às fotos é o seguinte - eu por mim detesto usar flash mas, devido às condições de luz da fábrica, muitas vezes é-me impossível não o usar (isto se quero que alguma foto se aproveite). eu sou público, não sou nenhum fotógrafo "creditado", pago o meu bilhete para entrar, e tenho todo o gosto em fazê-lo e assim apoiar estas iniciativas, e, uma vez que ando sempre de máquina fotográfica, gosto de fotografar os concertos e depois cedo as fotografias ao blog da amplificasom e outros que peçam sem pedir nada em troca excepto que mencionem a autoria das mesmas. se calhar sou demasiado estúpido com esta mentalidade tão underground de não tirar dividendos de nada disto mas a verdade é que o faço por amor à musica (estou sempre indeciso entre abanar a cabeça ou disparar a máquina), e acho que desde que não se exagere em demasia também é importante que fiquem estes registos para acompanhar as opiniões sobre os concertos que se vão realizando.

prla1983 disse...

Jorge, antes de mais muito obrigado pelo teu comentário!

Creio que a questão é mesmo o tal bom senso. Faz-se o que se pode com as condições que há e é excelente haver estas recordações destes momentos. Neste caso por exemplo, se não fosses tu pelos vistos pura e simplesmente não havia fotos.

A questão do tirar dividendos destas coisas nem se põe, a meu ver... isso é outros campeonatos onde o amor à música não é o mais importante.