sábado, 23 de maio de 2009

In Loco: Matt Elliott em Coimbra, Salão Brasil

Foram 200 kms para lá, 200 para cá.

Eu e o Vasco fizémo-nos à estrada e cheagamos a Coimbra às onze da noite.

Quando chegámos lá, e encontrámos o magnífico Salão Brasil, Restaurante Extraordinaire, sentámo-nos a uma mesa com cervejas na mão. A taberna tinha um ar entre o agradável e o desagradável. Boa comida, bom ambiente, janelas gigantes sem cortinas a substituir as paredes.

Palco montado, espera acabada. Matt Elliott, que até então tinha estado a jantar ao nosso lado, levanta-se até aos dois metros de altura e caminha para o palco. Senta-se na sua cadeirinha abandonada e inicia a solitária tarefa de entreter muito Coimbrão e dois Lisboetas.

Apagaram todas as luzes e deixaram as velas. Iluminacão propriamente dita, só a dos candeeiros de rua que ao atravessar as janelas gigantes destacava uma silhueta negra em palco, aumentando o misticismo a um nível literário.

Do folk acústico, intimista e pessoal, ao noise-pop, técnico e muito barulhento mas não sem uma dose de catarse, (e tudo na mesma música de 16 minutos) foi um saltinho por entre camadas muito bem elaboradas de repetições do que houvera sido tocado. Explico.

Como Matt é só um, enquanto toca 2 minutos de guitarra e voz, grava-os. Depois põe "play" e toca outra coisa por cima, enquanto grava outra vez. Depois "play" outra vez e assim em diante até ser indistiguivel quanto Matts e quantas guitarras fazem parte desta banda de um homem.

"Detesto encores" - diz ele - "porque já toquei tudo o que sabia tocar". Acreditem que demorou muito e muitas palmas da mão ficaram encardidas até o porem no palco. Então prometeu-nos esmerar-se numa música que já não tocava há muito.

"This is what I hate about encores" justifica enquanto se prepara para recomeçar a segunda. "I just remembered another one I'd like to play for you". Assim o faz.

"Final one. I promise." E à terceira foi de vez com uma ovação em pé. Bem a mereceu.

Já no foyer, Vasco e eu metemos conversa, compramos o CD, pedimos autógrafo e confirmamos a natureza humilde deste rapaz que não parou de agradecer termos vindo ao concerto dele. Principalmente depois do meu comparsa ter especificado que viemos desde Lisboa.

Foi uma noite que valeu a pena.

6 comentários:

i disse...

e assim se fez história: o dia em que o chico foi a Coimbra. Giro, giro, teria sido se o concerto fosse péssimo. Aí é que Coimbra ficava marcada para todo o sempre

prla1983 disse...

O 24Hz têm de começar a declarar as despesas ao km! Ontem foi o Chico a fazer 400, no fim de semana passado fui eu a fazer 700 e tal. É bem ;)

prla1983 disse...

E vivam os concertos pequenos e intimistas em que realmente é possível trocar dois dedos de conversa com as pessoas que nos presentearam com o que queríamos e gostamos de ouvir. Enough of the Rock God.

Francisco Maia disse...

para a I: para dizer a verdade, até gostei de Coimbra mas detestei os locals. Têm a mania. =P

para o prla: Enough of the Rock God indeed. só lhes fica mal...

i disse...

hahaha! a história está a acontecer!

Fátima disse...

Bem, o concerto parece ter sido mesmo giro! Essa técnica de gravar e tocar por cima é completamente nova para mim!