terça-feira, 7 de abril de 2009

Power Chord: OSI - Blood (2009)

“Run run…
you gotta run to meet your men”

É assim que Kevin Moore, o homem pacato de Chroma Key, abre o novo álbum de OSI, naquele “gritar” sussurrado e pacífico que lhe é característico. A música até pede alguém que grite mas Kevin Moore seria o último a gritar numa música, nem que só restassem os Slipknot para o homem cantar.

Kevin é referido muitas vezes como ex teclista de Dream Theater mas a verdade é que se trata do criador de Chroma Key, uma espécie de antítese de Dream Theater: nada de velocidade, pouca técnica e virtuosismo, muita melancolia e angústia.

Ora tínhamos tese e antítese, falta só a síntese…

E é disso que OSI trata, uma fusão inteligente entre a melancolia de Chroma Key e a guitarra pesada de Jim Matheos (Fates Warning). Em 2003 saiu Office of Strategic Influence, álbum com o nome de uma agência mais ou menos obscura do Pentágono que visava espalhar contra informação sobre o esforço anti-terrorista americano. O pós-11/09/2001 dava o tema a OSI, com a contra informação abordada constantemente no primeiro álbum.

Em 2006 sai o Free e o tema mantém-se embora de forma menos evidente. Para quem ouviu a edição especial de dois discos é notória a referência aos métodos obscuros do Pentágono (primeiras palavras do CD2: “First of all let me ask you how are you / Not very good – I was ilegally arrested…”

Em 2009 Blood dá continuidade ao trabalho de OSI e volta a tratar da guerra em geral, da guerra anti-terrorista em particular. As letras que falam de telefonemas para casa a partir da Green Zone deixam perceber que ainda estamos no Iraque, sempre acompanhados da ironia – as letras trazem um toque mordaz tão subtil que não chega a ter marca política – isso fica para o ouvinte.

OSI é um projecto com aspirações a banda, como os dois mentores o definiram um dia. A verdade é que se trata de uma dupla que fez mais do que juntarem os seus trabalhos para obter uma mistura dos dois. Em OSI o todo é mais do que a soma das partes e o que ouvimos não é apenas Chroma Key misturado com Fates Warning, é algo novo, fresco e interessante. Por vezes é rock para quem não gosta de rock, outras vezes é electrónica para quem até nem ouvia electrónica e o resultado é música rica em complexidade e mistério.

A textura e complexidade dos três álbuns mostram que cada som é cuidadosamente escolhido e colocado na mistura, cada sample tem o seu significado para decifrar. OSI ainda não é uma banda, mas já nos deu três álbuns todos eles com uma longevidade imensa porque podem sempre ser ouvidos de novo para se captar um som mais escondido, para se decifrar um novo significado, para perceber uma gravação de rádio em que ainda não tínhamos reparado, etc.

Para quem seguiu a curta saga de OSI é notório o contributo de Gavin Harrison em Blood. Estreante em OSI, Harrison trouxe com ele toda a dinâmica que aplica em Porcupine Tree e permitiu que se fizesse “Microburst alert”, a música mais dançável de todo o catálogo de OSI.

Por falar em convidados…

Kevin agarrou o microfone de OSI desde a primeira hora, dando aos álbuns aquela voz característica de zombie lúcido mas mostrou desde a primeira hora que havia espaço para vocalistas convidados. Convidar músicos é coisa comum; menos comum é chamar vocalistas; e raro é chamarem-se vocalistas que são mais conhecidos e mais habilidosos, “de uma liga superior”, como foi o caso de Steven Wilson no primeiro álbum e como é o caso de Mikael Åkerfeldt neste terceiro. Espantoso é que tanto um como outro pareçam ficar tão bem em OSI que nem nos lembramos que são apenas convidados.

Blood serve tão bem como Free ou Office Of Strategic Influence para entrar no admirável mundo de OSI - experimentem.

1 comentário:

Fernando Miranda disse...

Uma das bandas mais legais que ouvi ultimamente.
Estou ouvindo o "Blood" agorinha...ainda mais sabendo que o Gavin Harrison toca nele...não via a hora de escutar!!!

Ótimo post!

Um Abraço
Brazylianskies