terça-feira, 28 de abril de 2009

Kylesa - Static Tensions

Kylesa
Static Tensions
[prosthetic records 2009]
[ MySpace ]

Devem meter qualquer coisa na água para os lados da Georgia, USA, porque pelos vistos as bandas de lá são assim a puxar para o muito boas. Mastodon e Baroness já eram para mim referências incontornáveis do metal moderno, mas com Static Tensions os Kylesa completam como que uma santíssima trindade daquele estado norte-americano.

E não é por isso de estranhar o artwork, que quem anda nisto há uns tempos identifica facilmente como sendo da autoria de John Dyer Baizley, guitarrista/vocalista dos ditos Baroness, conterrâneos de Savannah. Essa qualidade tem continuidade na própria música, pois os Kylesa estão a ganhar calo e Static Tensions é um álbum na verdadeira acepção da palavra, composto por duas mãos cheias de canções cuidadosamente criadas, trabalhadas e exaltadas por uma produção absolutamente cristalina, especialmente no que toca ao som das duas baterias.

Duas baterias?!

Pois, é que os Kylesa, desde Time Will Fuse Its Worth, de 2006, que apresentam dois bateristas. Ora, juntando esse pormenor de somenos ao facto de haver também dois vocalistas (Laura Pleasants e Phillip Cope), temos aqui potencial ou para uma grande trapalhada ou para algo especial. Se no álbum anterior a fórmula ainda não tinha sido bem afinada, agora a máquina dos Kylesa está oleada e bomba a todo o vapor. O resultado é conflito: os vocalistas degladiam-se entre si e o mesmo acontece entre os bateristas, mas em prol da música e de uma maneira que resulta sobremaneira.

No que às baterias diz respeito, a produção é um aliado de peso, pois a distinção entre ambas faz-se estando uma totalmente à direita no stereo e a outra totalmente à esquerda - daí que um bom sistema de som ou uns headphones sejam recomendados para admirar este álbum a sério. O groove é incessante mas há momentos de elevação rítmica como é o caso de "Said and Done" ou "Running Red" - esta última com um riff e uma melodia vocal que a faz aspirar a épico. Enquanto uma das baterias mantém um ritmo normal, a outra mantém ora um blast beat (no primeiro caso) ora um groove tribal (no segundo). Ficamos ao mesmo tempo divididos e deliciados com as possibilidades.

Já nas vozes, Phillip Cope aprimorou o seu berro mas para mim é Laura Pleasants que brilha a grande altura, num timbre spaced out, muito psicadélico, a fazer lembrar bastante Lori S. dos Acid King. A dualidade entre as vozes é quase perfeita, a agressividade de Cope e a beleza etérea de Pleasants. Mais uma de muitas razões para curtir um álbum que é daquelas amostras perfeitas do que pode sair de um caldeirão de influências díspares em mentes inovadoras e sem medo de experimentar.

Andei vidrado bastante tempo no Red Album dos Baroness e tanto assim foi que acabei por cansar. Kylesa é a lufada de ar fresco dos lados de Savannah que estava a precisar.

4 comentários:

::Andre:: disse...

E achas que também te vais cansar deste?

prla1983 disse...

É possível... até porque como te disse tenho-o físicamente a caminho. E porque além de Baroness também me fatiguei um pouco de Mastodon. É qualquer coisa lá daqueles lados que pelos vistos é tão boa que não me controlo. ;)

LN disse...

Nem sabia que tinham lançado novo álbum. Tenho de ver e ouvir, urgentemente.

Francisco Maia disse...

soa-me a interessante.

quem me conhece bem sabe que esse é o adjectivo máximo que eu posso dar