Via "O Homem Que Sabia Demasiado", fiquei hoje a saber que está em marcha um projecto para digitalizar os arquivos do Blitz e muito desse trabalho está já disponível online. O que eu também não sabia - mas vá, desconfiava - é que o Blitz foi instrumental na internalização de uma forte cultura musical cá no burgo, numa época em que a Internet, para o bem e para o mal, não existia e em que descobrir coisas novas era provavelmente mais cativante, já que as novidades eram mais escassas e sobretudo mais difíceis de conhecer.
Como diz Victor Afonso, no blog anteriormente referido, "no fundo, os primeiros 10 anos de existência do Blitz, para mim os mais decisivos, foram uma época de verdadeiro culto e de militância, de verdadeira causa à música." Isto é algo pelo qual passei muito de raspão, devido à idade que tenho, mas com o qual me identifico profundamente. Havia, de resto, uma mística muito engraçada e de certa forma excitante em, por exemplo, ouvir a "Submissão" dos Xutos numa cassette original, em casa de um amigo. As coisas estavam a acontecer.
E o declínio, por vezes acentuado, deste tipo de publicações com razões frequentemente inexplicáveis faz-me lembrar uma frase do Jack Black no brilhante "High Fidelity":
Rob, top five musical crimes perpetrated by Stevie Wonder in the '80s and '90s. Go. Sub-question: is it in fact unfair to criticize a formerly great artist for his latter day sins, is it better to burn out or fade away?
Em todo o caso, dêem asas à nostalgia ou pura e simplesmente à curiosidade em "O Velho Blitz". Vale a pena.
5 comentários:
Que bom! O Blitz é mesmo uma relíquia. Devo dizer que embirro um bocado com a revista actual, é um bocado comercial. Mas lá a vou comprando porque tem conteúdos interessantes
um profundo e eterno suspiro por todas as publicações de qualidade que morreram ou estão a morrer.
um dos desgostos que tenho é não ter apanhado nas bancas (com idade para isso) a Grande Reportagem, que sempre me pareceu, pelas descrições que oiço, ter tudo para ser uma grande revista. E olha, puff.
E o mesmo se pode dizer da Take, mas ao contrário. Um projecto interessante, que desenha bem a linha entre o elisitmo e o comercialismo fácil (equilibri dificil de fazer), mas que mesmo assim não consegue passar para as bancas.
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