A contagem descrescente para a noite dos Óscares - e simultâneamente para os comentários rabugentos do Pedro acerca da Academia - continua e como ainda estou longe de ter visto todos os principais nomeados, hoje foi dia de apreciar mais dois potenciais galardoados no próximo dia 22 (não nos esquecemos do prometido: vai haver festividades e novidades muito em breve!).
"The Wrestler" é o regresso de Darren Aronofsky depois do ligeiro flop com "The Fountain" e também, há que dizê-lo, o regresso de Mickey Rourke, quiçá para o papel da sua carreira. Como disse um grande amigo meu, "o The Wrestler é tipo um Rocky não romantizado" e não podia concordar mais com ele. Gostei da forma crua e suponho que extremamente realista como Aronofsky nos mostra o circuito independente do Wrestling americano, longe da ribalta da WWF. Mas tal como "Rocky" está longe de ser um filme de porrada (os detractores da saga que se cheguem à frente, por favor), também "The Wrestler" não o é, antes sendo uma grande dose de realidade, de um pai que recuperou o amor perdido da filha para logo a seguir o voltar a perder, de alguém que nunca foi realmente amado e que procura numa stripper o afecto que ela não quer ou não pode dar. Seguir os altos e baixos de Randy nunca enfastia e deixa-nos no final com uma sensação agridoce. Nem vou comentar as aparições da Marisa Tomei. É que nem comento.
Já "Doubt" é um autêntico filmaço, com interpretações do melhor que se fez este ano. Phillip Seymour Hoffman continua a coleccionar papéis geniais uns atrás dos outros e diga-se, em abono da verdade, que poucos além dele conseguiriam estar ao nível da Meryl Streep que aqui vemos. Um representa a dúvida, a outra a convicção, um eterno duelo entre o novo e o velho. Este é um filme que, quanto mais não fosse, nos relembra que a Fé, seja ela em que for, existe não em contraponto com a certeza mas sim com a dúvida. Basta acompanhar os 100 minutos deste drama do mais alto calibre para perceber que são da mais elementar justiça as nomeações de Hoffman, Streep, Amy Adams e sobretudo de Viola Davis - que aparece durante 10 minutos mas protagoniza, num diálogo com Meryl Streep, os melhores 10 minutos de filme que vi neste último ano.
Numa era em que é chic dizer mal dos Óscares, prefiro relativizar a sua importância ao mesmo tempo que congratulo a Academia por dar o devido relevo a este filme através de 5 nomeações, mesmo lamentando não o ver pelo menos nomeado para a categoria de Melhor Filme. A verdade é que nenhum dos nomeados para essa categoria desmerece certamente a distinção.
7 comentários:
não diria que é chic dizer mal dos Oscar... mas vai sendo tempo de fazer um trabalho que é serviço público ao Cinema: explicar ao mundo que o Oscar não é a taça do campeonato do mundo mas sim o prémio para os melhores filmes exibidos no condado de Los Angeles em 2008. fica de fora muito cinema bom, de outras paragens ou independente.
não tem que ser incluído e o prémio não tem que ser mundial ou qualquer coisa do género. mas convém ter presente os parâmetros de selecção...
é uma cerimónia gira e cheia de mística; gostamos.
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a Dúvida é o filme.
estou muito expectante em relação a estes dois, assim como milk e the reader!
Voto no Doubt.
E no mickey rourke como actor!
mchiavegatto: Segura esses votos só mais um bocadinho que vais ter oportunidade de os meter oficialmente. E é aqui no 24Hz, imagina!
eu concordo com o pedro: os oscares sao o prémio de melhor publicista e mais produtor endinharado no condado de LA.
o meu voto é secreto mas dou um cheirinho: Amy adams deveria ter sido nomeada para o oscar
Mas a Amy Adams está nomeada para actriz secundária! E com inteira justiça, se posso também dizê-lo.
ah pois está, my mistake. é que eu empurro a Meryl sempre para secudária hahah.
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