Paul Auster, 2008
Ed. Portuguesa: Edições ASA
Eu nunca tinha lido Paul Auster mas a capa do livro chamou-me a atenção e lá o trouxe para casa. Andou da mesa de cabeceira para sofá para a secretária durante quase um mês até que me decidi e li "Homem na Escuridão".
Sempre achei estranha aquela coisa de "este livro lê-se bem", afinal de contas podemos gostar de livros que não se deixam ler facilmente, que nos deixam náuseas, etc. A verdade é que este homem na escuridão, um escritor que vai contando em pensamentos partes da sua vida ao mesmo tempo que nos dá a conhecer a vida de vários membros da família, intercalados com uma II Guerra Civil Americana que só se passa na cabeça dele, lê-se bem.
Não posso comparar com outros livros de Auster mas este deixa-me... estranho. (na escuridão?) Parece que em tudo o que aparece vai faltando algo mais, parece que em tudo o que aprofunda vai aprofundando demais (como a lista de filmes e análises que os personagens fazem e que mais parece uma oportunidade para Auster nos impingir as suas ideias sobre as obras; é que Paul Auster queria participar neste blog mas já não havia lugar para mais um...).
A parte mais interessante parecia, de início, a guerra civil. Não havia 11/9 (aqui na Europa é ao contrário, desculpem); alguns estados da União estavam na miséria, os Estados Unidos já não eram unidos, etc. Mas não - Auster mata rapidamente o personagem que o seu personagem inventava e acaba-se a guerra civil... E eu que sempre achei que o personagem inventado pelo personagem matava mesmo o personagem. Difícil? Eu explico: 1-Auster escreve sobre um escritor que inventa um combatente na guerra civil; 2-o combatente inventado foi escolhido para matar o seu próprio inventor, uma forma de suicídio muito peculiar.
Sem perder mais tempo com estas bonecas russas devo dizer que o livro é engraçado e ligeiro, embora nos possamos afundar nos sentimentos complexos daquele escritor em final de vida que deseja ser assassinado por um personagem seu. É interessante ver como as pessoas saltam de umas histórias para as outras e, em verdade, é a única coisa interessante do livro, a única que o salva de ser como o "Vai onde te leva o coração", de Susanna Tamaro.
E assim, um livro que se lê bem fica como uma gravura de Escher, uma escada que sobe e vai dar ao seu início, uma porta que abre para o tecto de outra casa, etc. Se não tiverem uma pilha enorme de livros que querem ler e já não sabem se esta vida chega para os ler a todos, leiam este também.
Veredicto: 4/10
5 comentários:
O pedro teve uma namorada que lhe pediu para ler o Vai Onde Te Leva O Coração. Ele leu. E esse facto traumatizou-o para a vida, porque volta e meia a coisa vem ao de cima.
Estamos contigo pá! Um dia vais esquecer :P
Ah, então foi por isso!
essa ex-namorada está escarrapachada num outdoor gigante na rua em frente ao escritório onde eu trabalho.
lembro-me sempre do raio do livro... bah
uma ex-namorada escarrapachada num outdoor...gigante??? isso é horrivel!!!
horrível para mim! nao sei se tás a ver as miudas que estão em outdoors...
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