segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Låt den rätte komma in

O filme passou por cá apenas como sessão fugaz do festival Indie Lisboa 2008 sob o nome internacional, Let the Right One In. Fala de vampiros, pré adolescentes e amor. Ponderei, evitei, "um Gingersnaps para vampiros, estou a ver..." pensei.



Tem sido um bom ano para os vampiros. Desde o aborrecido Twilight (Crepúsculo) à série da HBO True Blood, dos produtores de American Beauty e Six Feet Under, passando pelo anúncio da transformação do anime Blood: The Last Vampire a filme live action.
Quanto a Let the Right One In, apenas tive a oportunidade de ver o filme uns meses depois, recomendado por Robert McKee.

A primeira impressão que dá desta obra de Tomas Alfredson é que vai ser mais um parado filme nórdico: escuro e branco.
Mas o sueco prova que primeiras impressões podem ser enganadoras.

O filme fala de Oskar, 12 anos, uma criança marginalizada na escola por rufias em maior número e ignorado em casa pela mãe. Um dia conhece Eli, uma menina da sua idade que vive com o seu avô e se torna sua vizinha. Na sua inocente alienação, encontram um no outro um companheiro para desligar do mundo exterior.

Enquanto isso, na sua pequena vila sob a neve, pessoas começam a desaparecer misteriosamente sem que ninguém, excepto os familiares, se dê conta.
À medida que o filme avança, as duas crianças tornam-se intímas e começam a apaixonar-se e o filme reveste-se de momento adoráveis ao vermos as trocas de olhares entre Eli e Oskar. Até que descobrimos que Eli é na verdade uma vampira que se tem alimentado dos vilões.

Para não oferecer spoilers, refiro simplesmente que na alternância entre violência explícita e romantismo pré adolescente, o climax do filme simboliza a perfeição com que o guião foi escrito a deambular para uma conclusão que satisfaz e renova a paz de alma com que o filme começa.

Entre outros pontos a salientar nesta aposta sueca, destaca-se o espectacular desempenho do cast maioritariamente composto por crianças. De notável intensidade e crueza, tanto Kåre Hedebrant como Lina Leandersson e Per Ragnar seriam claros candidatos a óscares, tivessem nascidos em países mais egocêntricos...

A beleza do filme está subjacente à profundidade com que permeamos nos sentimentos destas crianças cujos comportamentos as isolam tanto quanto a neve que os rodeia. O romance que broteja enquanto Oskar descobre que Eli é uma vampira, até que seja tarde demais para abandoná-la; a constante Eli, fria e imortal, presa no corpo e incoerências próprios de uma rapariga de doze anos, mesmo assim tomando este rapaz fraco e débil, não só vendo nele talvez um pouco dela mas aquilo que ela não se lembra de ter: um lado humano.

No final das contas, com ainda muito por dizer, a imagem inicial do filme é metaforicamente exacta: a neve branca e intensa como amor, amizade e o nosso lado humano a infiltrar-se ligeira e subtil mente no escuro vazio, dificil e violento das sombras citadinas.

Certamente um 10/10, dos melhores filmes que já vi.

7 comentários:

Enolough disse...

ena, apareceu!
e abre logo com vampiros...

ainda não me dediquei a sério à questão dos vampiros fora da literatura (há uma série de revistas do Spider-Man com o Blade e montes de vampiros que já li umas três vezes e gostei bastante).

vampiros do cinema só conheço o velhote Nosferatu (numa versão com uns strings de sintetizador iguais do princípio ao fim que é um enjoo - mais valia estar mudo mesmo). devo dizer que gostei bastante do Nosferatu e que tirando esse a minha relação com vampiros no ecrã é só Blade. Nota: acho que aquele pato engraçado tipo Duffy Duck versão drácula não conta para isto, mas eu gostava desse também.

preciso de alguém que me empreste um filme de vampiros convincente.

i disse...

A comentadora oficial dá-te as boas vindas ;)
Devo dizer que fiquei totalmente convencida e agora espero que me emprestes isso.

(eu tb via o pato vampiro... aliás, via assíduamente...pode-se dizer?)

prla1983 disse...

Eu nunca gostei muito de ficção de vampiros, nunca sequer li o "Drácula" de Bram Stoker e confesso que chutei o "True Blood" para canto logo após o pilot... mas posto isto, acho que vou ter de reconsiderar!

Ah e Franscisco... welcome!

Francisco Maia disse...

Ora boas!
1º- Count Duckula! nao acredito que nao era o unico a ver isso...

depois tenho filmes de vampiros para toda a gente!!

3º concordo prla, eu nao chutei para o lado mas tenho achado bastante mediocrezinha...

i disse...

a sério? estas fontes confundem-me. Ainda há pouco li um post noutro blog que me deixou com vontade de ver a série... oh well..

(este blog tá de nivel hein?)

Fátima disse...

Adoro vampiros (menos os adolescentes e típicos desta altura)!!! E tenho meeesmo de ver este filme.

quanto ao true blood, oiço mais más críticas que boas

Francisco Maia disse...

ah sim, pedro! tens de ver o Sombra do vampiro com o willem dafoe que é uma ficção sobre o "homem" que interpretou nosferatu (max shreck jaá agora)nesse filme...muito bom