sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Antevisão: O Estranho Caso de Benjamin Button

Da autoria de Francis Scott Fitzgerald, O Estranho Caso de Benjamin Button (1922) é mais que um romance, é um produto de uma época. Benjamin Button nasce "sob estranhas circunstâncias", como um bebé "enrugado", na noite do Armistício da Primeira Guerra Mundial, em 1918. A mãe morre ao seu nascimento, e o pai, assustado com a aparência do filho, deixa-o à porta de uma mulher negra que governa uma residência. Apesar da distância que se afirmava na altura entre brancos e negros, a mulher recebe aquele bebé estranho, que parece ter nascido com 80 anos. E antes de partirmos ao filme que David Fincher realizou a partir da obra de Fitzgerald, convém explicar a premissa deste texto. O Estranho Caso de Benjamin Button é um produto de uma época porque o protagonista, encantado pela possibilidade de rejuvenescer em vez de envelhecer, como os restantes, parte para a Marinha para descobrir o mundo e dedica a vida a aproveitar ao máximo cada dia, o que não é mais que a típica tendência de um pós-guerra - a imediata sede de viver depois das limitações que a guerra obrigou.
No fundo, o nascimento de um bebé com 80 anos no dia em que a Primeira Grande Guerra terminou, e a sua futura leviandade perante um futuro de todas as possibilidades é um retrato da Idade do Jazz nos Estados Unidos da América e uma metáfora sobre todos os fins de guerra. Benjamin Button nasce na idade da morte para a vida, tal como uma guerra termina para a sociedade renascer.

Apaixonado por projectos ambiciosos, David Fincher (Sete Pecados Mortais, Clube de Combate, Zodíaco), propôs-se a adaptar o complexo romance de Fitzgerald ao cinema, e para isso não podia ter convidado outra pessoa senão Brad Pitt, um Hércules da representação que deu aos seus filmes a intensidade necessária para torná-los verdadeiras obras-primas - especialmente como o psicótico Tyler Durden de Clube de Combate, que foi elegido recentemente como a Melhor Personagem de Cinema de Todos os Tempos, tendo até superado o Senhor do Mal, Darth Vader (Star Wars).

Fincher temeu o desafio que significa filmar uma pessoa durante toda a sua vida, neste caso, como aponta o Ipsilon, "desde a cova ao berço", e Pitt também se revelou preocupado com o resultado, mas a julgar pelo trailer, a adaptação parece ter sido bem conseguida, através de pequenos duplos que representaram um Pitt baixinho e enrugado, e uma boa dose de efeitos especiais, que tornaram o actor muito diferente do típico alto e musculado a que nos acostumámos.

Outra problemática explorada neste filme é a fugacidade do tempo, que não permite aos amantes vivenciarem-se e conhecerem-se ao mais profundo de si. Benjamin Button é apaixonado por Daisy Fuller desde a infância, mas existe um fosso etário gigante entre ambos, que os coloca em pontos extremos do tempo. Daisy é uma criança vivaz e Benjamin um pequeno velhote quando se conhecem. Daisy é mulher madura e Benjamin está no pico da sua juventude quando se voltam a encontrar. Encontros e desencontros amorosos acontecem em todo o lado e com toda a gente, mas este é um caso em que alguém ganha a vida que o outro perde, ano após ano, tornando as suas vidas completamente opostas.

Além de enfrentar o progressivo envelhecimento da mulher que ama, Benjamin tem de lidar com a morte das pessoas mais importantes para si, à medida que fica mais forte e que os seus horizontes se alargam em oportunidades. Afinal, as pessoas que o rodeiam não podem viver com ele as suas descobertas e emoções.

Em O Estranho Caso de Benjamin Button, o pós-guerra é o ponto de partida para uma história sobre o tempo e a fragilidade do amor e da vida humana. Estreia a 15 de Janeiro nas salas de cinema portuguesas.

8 comentários:

i disse...

esyá na minha lista de filmes a ver =)

PL disse...

Já vi. Que não se me pergunte como, mas já o vi.

Aqui está uma bela iniciativa com um grande elenco. Agora é esperar que pegue de raiz e que isto vá para a frente e dure muito tempo. Este será um dos meuys lugares de visita obrigatória.

EL disse...

Boa treices, blogs nunca são demais. Agora "please don't leave me".

A primeira vez que ouvi a história em forma de teoria foi mais ou menos há 5 anos e lembro-me bem, porque na altura a achei a mais espectacular de todo o sempre, por isso, sim!, merece tela grande.

Beijinho EL

P.S. - Oh pá... Verificação ortográfica aqui também?

mchiavegatto disse...

Ahhh vimos ontem o filme! ADOREI!
Vale mt a pena! Na lista dos preferidos para o Oscar!

PL disse...

Ca ganda filme.

Francisco Maia disse...

Oscar de melhor rejuvenescimento. Vou votar neste para melhor filme. Mas ainda não vi o Doubt. Nem o Nixon mas esse ja me parece que tá fora...

Já agora, vou dar uma festa no dia dos oscares para vermos todos juntos e gostava que aparecessem. mesmo os nomes que aqui comentam e eu nao conheço. sim PRLA, EL, PL, podem vir. mas tragam dinheiro, há apostas. =)

nos vemos os oscares e a marina comenta os vestidos =P

i disse...

Lá no jornal vamos dividir os óscares por tema (sendo que o puro e duro já está atribúido), desde a roupa aos comentadores idiotas que costumam aparecer, passando pelo apresentador, enfim, o que houver. Ofereci-me, já a contar com essa grande sessão em que estarei de bloquinho de notas e copázio de café.
E assim me convido oficialmente :P

Marina disse...

Nao ta nada atribuido! Eu tou em duvida ainda.. nao acho obvio este ano.
Quero ver te a comentar os vestidos!