quinta-feira, 7 de maio de 2009

Minsk + Process of Guilt @ Transmission, Lisboa

[ OK, mais vale tarde que nunca... ]

Dois é bom, três é demais. Não sei se o adágio faria sentido nesta noite mas a verdade é que os polacos Ketha não apareceram e ninguém lhes sentiu a falta. Problemas técnicos deixaram-nos a meio caminho entre Madrid e Lisboa e se por um lado nunca saberemos se teriam trazido valor acrescentado a esta noite, a verdade é que também o espectáculo não sofreu por causa disso.

Ou melhor, não sofreu muito, já que os Minsk acabaram por se atrasar por motivos relacionados, ao que consta, pelo que o soundcheck começou bem tarde e o concerto acabou por ter início já perto das 23:00, com os Process of Guilt a ter o incómodo de ter fazer o seu som já com o público dentro do bar.

Mas de que interessa isso tudo, quando as bandas que vão realmente tocar não o sabem fazer mal? Foi o caso da noite de segunda-feira no Transmission - um bar pequeníssimo, com condições bastante sofríveis para concertos. No entanto, se por um lado assim é de facto, por outro acho que os presentes poderão dizer que assistiram a um concerto histórico: duvido que se volte a ver Minsk por cá num sítio assim, com este tipo de intimidade. Mas já lá vamos a esses malucos norte-americanos.

Os Process of Guilt, banda de Évora que eu sobejamente elogio neste blog, demostraram o rigor, humildade e empenho do costume. Desta vez, ao contrário do concerto do mês passado em Oeiras não houve "Becoming Light" para ninguém, mas para compensar o concerto começou com a "Motionless", primeiro tema do álbum Renounce. Escusado será dizer que foi um início devastador e mais assim foi quando a partir daí a banda lançou-se em quatro (?) novos temas, que farão parte do próximo registo Erosion, que se espera veja a luz do dia ainda durante este mês de Maio. A ideia que ficou do concerto no Teatro Independente de Oeiras foi que os Process of Guilt eclipsaram de alguma forma os A Storm of Light. Desta vez, apesar da actuação da banda eborense não ter ficado certamente a dever nada a esse concerto - as músicas novas são absolutamente avassaladoras ao vivo - seria bastante difícil fazer sombra a estes Minsk.

E porquê? Bom, simplesmente porque os Minsk deram um concerto a todos os títulos notável. Começaram logo bem com um quarto de horazinho de improviso desse grande maluco que é Bruce Lamont, introdução essa que fluiu com a maior naturalidade para a actuação dos Minsk, sem interrupções, e logo para o portento que é a "Ceremony Ek Stasis", última faixa do The Ritual Fires of Abandonment. Os Minsk, que também têm álbum novo na calha para este mês (dia 26 de Maio para ser mais preciso), tocaram igualmente música nova, tão boa ou melhor que tudo o que já havia para trás.

Da minha parte, que sou bastante pacífico e por vezes sobre-analítico a ver concertos, o melhor elogio que posso fazer aos Minsk é que ali a meio do set deles fechei os olhos e deixei-me levar num transe magnífico, apenas entrecortado por momentos de obrigatório (e violento) headbanging. De recordação ficam uma belas dores de pescoço e um final de concerto alongado com os músicos a abandonarem progressivamente o palco, um após o outro, com especialmente incidência para o magnífico trabalho (durante todo o concerto, diga-se em boa verdade) do baterista Anthony Couri. Que animal a tocar e muita da magia de Minsk se deve certamente aos ritmos tribais poderosíssimos que ele toca o tempo todo.
Por mero acaso, levei uma t-shirt de Tool vestida e o Anthony Couri já cá fora apontou para ela e disse-me que o Danny Carey (baterista dos Tool) é o baterista preferido dele e uma grande influência. Makes sense.

Embora todos os músicos tenham estado a grande nível - Process of Guilt incluídos - uma nota de saliência para Bruce Lamont que tanto a solo, como ao lado dos Minsk, demonstrou uma classe e um carisma só ao nível de alguns. E até fora do palco demostrou as qualidades dos melhores, com uma grande humildade e boa disposição, ele que estava a cargo da banca de merch dos Minsk e a quem devo ter vindo para casa com uma cópia raríssima do primeiro disco dos Yakuza.

Aliás, e para terminar que isto já vai longo, é refrescante assistir a concertos em que toda a gente está ali pelo amor à música e pelo gozo que derivam de estar em tour e apresentar o seu trabalho, sem subterfúgios de qualquer espécie. Deixei o convívio deles por volta das 4 da manhã mas consta que às 5 ainda queriam ir para a praia (!), segundo o promotor deste concerto que os acompanhou, o Pedro da RitualSom (kudos to you, man! Great job.) Acho que ficam com uma ideia...

Noite de verão magnífica no Transmission daquelas que certamente ficam por muitos e bons anos na memória de quem lá esteve. Souvenirs (cortesia de oaktree555):






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