Em 1895 os irmãos Lumiére apresentaram o primeiro filme para o qual foi cobrado um bilhete. Na verdade era uma sessão que incluía uma série de curtas (1 minuto ou menos) metragens. Este tipo de experiência de cinema ainda existe nos nossos dias, em salas maiores do que o celeiro dos Lumiére, com filmes que rondam as duas horas mas é essencialmente o mesmo modelo: alguém paga para entrar num espaço onde lhe é apresentado um filme, projectado em ecrã para todos os presentes.
Entretanto (meados do s]eculo XX) surgiu a TV que também exibia filmes e mais tarde o vídeo permitiu a toda a gente fazer os seus próprios filmes, alugar filmes e até gravar em cassetes de fita magnética os filmes que passavam na TV ou que se trazia do videoclube.
Sem entrar em pormenores de cronologia e de suportes (há pelo meio vários formatos de cassete e o laser disc, etc) podemos dizer que mais tarde surgiu o DVD, que evitou a perda de qualidade na gravação, na cópia e no visionamento. O DVD permite ver o filme com uma qualidade próxima do que a sala de cinema permite e, para quem tem sistemas de som multi-direccionais, usufruir da experiência sonora que a sala de cinema nos dá. O blu ray vem trazer uma definição ainda melhor à imagem; melhor até do que o 35mm/24hz, o que não agrada a toda a gente...
Depois de tanta melhoria na experiência e qualidade, depois de sair das grandes salas de cinema para as salas de estar dos lares...
...chega a internet e o download de filmes. Para tal é preciso muitas vezes comprimir o filme, o que resulta em qualidades inferiores à do DVD... parece ser um retrocesso mas há uma novidade: de forma quase sempre ilegal o filme chega até ao espectador mais rapidamente do que chegaria na TV, em K7 ou DVD. Pode até chegar mais rapidamente do que chegaria no cinema! E é aqui que surge o problema... há uma vasta equipa a trabalhar num filme e muitos têm acesso ao filme, uns em fases intermédias outros em fases finais. Uma versão de trabalho pode sair para a rede e ser distribuída, em poucas horas, por todo o planeta. As pessoas visionam e criticam o filme, o filme já chega gasto de tanto comentário às salas de cinema, etc.
Serve esta longa dissertação não para afirmar a minha posição mas para provocar os leitores do 24Hz:
1 - A experiência de sala de estar, com DVD/BluRay/HD-DVD,Video On Demand, etc, substitui a sala de cinema?
2 - O que é que uma tem que a outra não tem?
3 - A internet substitui alguma das duas?
4 - A antecipação do visionamento de um filme não é prejudicial à experiência do cinema?
5 - A compressão dos filmes ou o facto de serem disponibilizadas versões pré-finais não prejudicam todas as partes do filme? (produção, distribuição e consumidores)
6 - Que futuro para a distribuição / experiência de cinema?
Note-se que deixo de fora a questão dos formatos DVD/BluRay ou da película/digital ou mesmo 2d/3d; a questão colocada aqui prende-se com o conceito de distribuição e recepção, seja qual for o formato.
7 comentários:
sobre esse assunto o que eu tenho a dizer é:
- nada substitui o cinema e não há forma melhor de ver um filme, isso para mim é uma verdade incontestável;
- posto isto, ver um filme em casa pode trazer algumas vantagens que não têm nada a ver com a experiência cinematográfica, if you know what I mean...
- quanto aos downloads... Bom, no meu caso acho que compensam, porque, como disse, gosto mesmo é de ver os filmes no cinema, mas nem sempre é possível, principalmente em alturas ferteis, como a época pré-oscares. A questão é que, salvo algumas excepções, eu não tenho qualquer interesse em ter os filmes. Gosto de os ver, mas não costumo repetir a experiência. Logo, para que quero pagar 20 euros e roubar espaço na estante? sei perfeitamente que não vou ver o filme outra vez, a não ser que me marque excepcionalmente. Nesse sentido prefiro um download, sim. Sou bastante indiferente à qualidade de imagem, a não ser que seja uma coisa mto descarada, normalmente não reparo em nada. nem sequer faço questão nas legenda. E os filmes são, definitivamente, muito caros.
então o download de um filme por um preço razoável em função da qualidade serve para ti, i?
serve :P
Tens filmes muito bons e óptimos a preços razoáveis. De qq maneira não precisas comprar logo quando saem. Tempos mais tarde ficam mais baratos. Um dia desdes respondo melhor a esta boa maneira de iniciar uma discussão sobre cinema.
Nada substitui a experiência do cinema. Criaram o Home Cinema para isso, mas não convenceu... E apesar das vendas de bilhetes terem descido, os cinemas ainda têm muito público, daqueles fiéis que vão todas as sextas-feiras (acuso-me...), e nem sempre aos filmes em voga, de óscar, etc... Eu gosto de dvd, e uso a Internet, mas sinceramente não me dá o mesmo gozo. Acho que as bilheteiras não perdiam nada em baixar o preço do bilhete para levar mais gente aos cinemas... evitavam-se os downloads ilegais...
e os downloads legais? essa é a grande questão... se o modelo DVD pega mas na internet? Filme sai do cinema e fica disponível online mediante pagamento, tipo video on-demand, que já há nos serviços cabo de televisão.
Eu também acho que nada substitui a sala, o ecrã, o som, as pessoas (que muitas vezes me irritam), tudo o que o cinema implica.
Agrada-me a ideia dos downloads legais, video on-demand... Seria mais justo para todos
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