quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Scotty Moorhead

Tenho andado a ouvir umas coisas meio dúbias e decidi pôr em pratos limpos a minha opinião sobre este assunto. Do princípio:

Cresceu com o nome do seu padrasto. Scotty Moorhead era como o apelidavam os colegas de escola, professores e família.
O mundo conheceu pelo nome que adoptou, melhor, reviveu aquando da morte do seu pai biológico, Tim Buckley.

Jeff Buckley começou a sua “vida” nos bares da East Village em Nova Iorque, em particular, num pequeno estabelecimento irlandês tornado altar pelos seus fãs: o Sin-é. Fazia o que faz melhor: interpretar temas dos seus ídolos. Led Zepellin, Nina Simone, Morissey e The Smiths.
Foi quando começou a ouvir música religiosa paquistanesa, especificamente Nusrat Fateh Ali Khan que a sua tendência musical começou a expandir fronteiras. Bebia de Robert Johnson e os seus Blues de 1935 e da banda de punk Hardcore Bad Brains, Siouxie Sioux e, obviamente, Leonard Cohen.

Conheceu Gary Lucas e começaram a gravar juntos o que viria a ser o inicio de Grace.
Morreu quando decidiu nadar no Mississípi totalmente vestido.

A primeira vez que ouvi Jeff Buckley estava a comer uma sandwich de queijo. A sandwich não é importante mas o facto de eu me lembrar o que comia mostra o quão importante foi para mim. A música era a rendição do Hallelujah de Leonard Cohen.

A grande mística de Jeff Buckley não vem do facto de ter morrido. Definitivamente vem da rareza envolvida na sua música. Claro que a grande mais-valia da sua música é a voz enfeitiçada de Buckley. Mas o que me fascinou, a ponto de me incentivar a tocar guitarra todos os dias, todo o dia, foi o estranho som que este músico retirava daquelas seis cordas de cobre. Os acordes bizarramente harmoniosos e as progressões catárticas com que Jeff recheia as suas canções são precisamente o que, aliado à sua voz sirénica, puxam tantos navegadores para os rochedos que são Sketches for My Sweetheart, the Drunk e Grace.


A morte de Jeff Buckley trouxe alguma benesse para a Columbia Records, isso sim. Para nós, apenas nos privou de um fantástico artista. A ele, ceifou um que era o começo de exponencial crescimento na sensibilidade musical que já tinha pedido emprestado aos seus novos heróis. Era um interpretador. Todo aquele potencial que tinha para reinventar músicas de outros poderia ser transformado em originalidade divina. Agora nunca o saberemos.

Não estamos a falar de Kurt Cobain nem de Jim Morrisson. Estamos a falar de um artista cujos ídolos o idolatraram postumamente.

A melhor definição que já ouvi sobre a música de Jeff:

“…um rapaz do coro que canta de um canto num bordel…”

3 comentários:

Fátima disse...

Assino por baixo. A mística de JB é muito mais que uma morte precoce.

mchiavegatto disse...

ohhh adorei o post!!!

Sim! Sim! Viva o Jeff!

E... um dia la terei de ir ao Sin-é! =)

prla1983 disse...

Grande post, Francisco.

E obrigado por dares a conhecer a que é realmente a melhor definição sobre a música do Jeff Buckley.